Cassiopeia



Corre pelo meu rosto rio de pedras multicoloridas, que se multiplicam no canto do meu olho e se derramam sem pedir permissão. Com minhas mãos em conchas as amparo antes que caiam no precipício entre o queixo e meu inflamado peito, formando um lago multifacetado e em cada faceta brilhante vejo o reflexo de um momento. Uns brilham tão intensamente, que me cegam por um instante, outros sugam a luz, remetendo-me ao ponto mais escuro de minha finita memória. Inalo o ar úmido a minha volta, como névoa condensada de arrependimentos e as lanço no espaço escuro entre o céu e o nada e tudo fica inimaginavelmente belo, como uma constelação que acaba de surgir na negra teia de uma vida.


Imagem: desconheço a fonte

Nenhum comentário: